Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

terça-feira, dezembro 07, 2004

Direto do resumão do Seabra, é uma bela dica :

Anos 80

Você já deve ter ouvido por aí: os anos 60 foram da Bossa Nova e do início da luta armada contra a ditadura, os 70 trouxeram a Tropicália e a liberação feminina e os 80 foram a década perdida. Mas peraí. Perdida para os outros e para os mal-humorados que não a aproveitaram como deveriam. Ok, você venceu, os anos 80 não foram de contestação política, nem de uma revolução artística pseudo-intelectual e mal sentiram o gosto amargo da censura, que já estava em seus últimos suspiros. Mas justamente por isso foram muito mais divertidos. Lançaram o rock nacional, os primeiros jogos eletrônicos (do Telejogo ao Atari, passando pelos game-boys) e teve a melhor seleção brasileira até hoje desde o tri em 70, aquela da Copa da Espanha de 82. De quebra ainda botou no mundo o cubo mágico, o relógio Champion que trocava pulseira e aqueles picolés diferentões da Gelatto.

Na porta de entrada de 2005, quando se completam bodas de prata do início da década (sim, 1980 já é anos 80, por mais que oficialmente o período vá de 1981 a 1990), a Ediouro lança "Almanaque anos 80", dos jornalistas Luiz André Alzer e Mariana Claudino. O livro, longe de ter a pretensão de ser uma enciclopédia da década, é um apanhado de tudo o que marcou a infância, a adolescência e a juventude de uma geração.

O "Almanaque anos 80" é dividido em oito capítulos: Televisão; Revistas, figurinhas & livros; Música; Cinema; Esporte; Guloseimas; Diversão; e Modismos. Cada um deles é recheado de curiosidades, listas, muitas fotos e informações quase inéditas. "Reunir um punhado de lembranças já seria muito bacana, mas queríamos ir além do saudosismo. Um dos trunfos do livro é revelar detalhes que quase ninguém sabe, como a quantidade exata de chicletinhos que vinha naquele saquinho rosa e vermelho dos Minichicletes Adams: eram 155. Ou que foi o Roupa Nova, uma banda considerada brega, que gravou o hino oficial do Rock in Rio em 1985", explica Luiz André Alzer.

Para reunir esta enxurrada de curiosidades e lembranças, Alzer e Mariana se dividiram em algumas frentes. Os dois se enfurnaram na Biblioteca Nacional e vasculharam edição por edição das principais revistas de informação dos anos 80 e das publicações jovens, além de fazer um levantamento detalhado em jornais.

Paralelamente, entrevistaram dezenas de personagens que marcaram a década - alguns que sumiram depois de um sucesso efêmero. Várias empresas que lançaram brinquedos, chocolates, balas, refrigerantes, roupas e outros ícones da década se empolgaram com a proposta do livro e se empenharam em conseguir embalagens antigas e informações preciosas. Mas nem sempre o garimpo foi fácil. "Às vezes, para conseguirmos um único número ou data levávamos dias ou até semanas. Naquela época não havia uma preocupação de se fazer um arquivo. Além disso, ninguém imaginava que um iogurte ou um tipo de caneta estava fazendo história", diz Mariana. "A própria lembrança das pessoas falhava e tínhamos que checar qualquer informação duvidosa".

Com tantas curiosidades e lembranças reunidas, entrou em cena o designer gráfico Marcelo Martinez, de 33 anos, outro fã da cultura pop dos anos 80. Ele tratou de deixar o livro com um visual que remetesse à década, tanto na diagramação quanto na escolha das fontes de texto. E para isso Martinez, Alzer e Mariana levantaram mais de 500 imagens marcantes e procuraram equilibrar algumas óbvias com outras surpreendentes. "Se em cada página conseguirmos arrancar uma exclamação de surpresa nas pessoas, seja por uma informação ou uma foto, já vamos ficar satisfeitos", diz Alzer.

Abaixo, algumas curiosidades e lembranças que estão no "Almanaque anos 80".

- "Perdidos na noite", que Fausto Silva estreou em 1984, iria se chamar "Barrados no baile". Mas na época Eduardo Dusek quis cobrar 10 milhões de cruzeiros pelos direitos do título e a produção não topou.

- MacGyver já deteve um vazamento de ácido sulfúrico com uma barra de chocolate, desarmou um míssil usando clipes de papel e sabotou um sinal de trânsito com cartões de crédito.

- Ozzy Osbourne não comeu nenhum morcego no Rock in Rio. Bem que jogaram uma galinha no palco, mas o cantor foi até a intrusa, pegou-a nas mãos e a entregou a um roadie, para frustração dos metaleiros carniceiros.

- Os três maiores vencedores do "Qual é a música?" foram Ronnie Von (25 vitórias), Silvio Brito (24) e Gretchen (23). Mas o cantor Nahim brigou na Justiça para ser reconhecido como o maior ganhador.

- Os gremlins não podiam ser expostos à luz forte, molhados nem alimentados depois da meia-noite.

- Cinco atores fizeram o Bozo, na TVS, nos 11 anos em que o programa foi exibido, entre 1980 e 1991. Alguns deles, simultaneamente, já que houve um período em que o palhaço entrava no ar, ao vivo, durante oito horas e meia, de segunda a sábado. Luís Ricardo, que mais tarde virou jurado do "Show de calouros", foi o mais famoso deles.

- O destino dos Menudos da formação mais famosa: Robby virou ator e agora voltou a ser cantor, Charlie é galã de novelas mexicanas, Roy trabalha como corretor de imóveis, Ray é locutor e dono de uma casa noturna em Porto Rico, e Ricky foi o que se deu melhor: virou Ricky Martin.

- Bastavam 15 minutos no congelador para o Ice Pop ficar pronto. Mas isso só funcionava no comercial da TV.

- Os suspeitos do crime no jogo Detetive: Coronel Mostarda, Srta. Rosa, Dona Branca, Sr. Marinho, Professor Black e Dona Violeta.

- No terceiro disco da Xuxa, diziam que se girasse ao contrário a música "Ilariê" ouvia-se uma mensagem do demônio. Muita gente arrebentou a vitrola para conferir.

- A Chiquinha, do "Chaves", tinha 13 pintinhas no rosto.

- O cubo mágico foi lançado em 1981 e vendeu dois milhões de unidades no Brasil. Ele tinha 43 quinquilhões, 252 quatrilhões, 3 trilhões, 274 bilhões, 489 milhões e 856 mil combinações diferentes, mas havia gente que conseguia montá-lo em menos de 30 segundos!

- "Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim". Em 1988, quem falasse o jingle do McDonalds em menos de 5 segundos numa das lanchonetes da rede ganhava uma Coca-Cola.

- O time e os números na camisa da geração de prata do vôlei brasileiro: Bernardinho (1), Xandó (2), Badalhoca (3), Montanaro (4), Ruy (5), Renan (6), William (7), Amauri (8), Marcus Vinícius (9), Domingos Maracanã (10), Bernard (12) e Fernandão (14).

- A primeira vez que Bernard deu o saque Jornada nas Estrelas foi num jogo contra a União Soviética, válido pelo Mundialito de Vôlei, no Maracanãzinho lotado, em setembro de 1982. O saque atingia 25 metros de altura e a bola descia a uma velocidade de 72km/h.

- Os telefones da mansão de Jonathan e Jennifer Hart, o Casal 20, eram 555-1654, 555-3223 e 555-2929.

- Leoni deixou o Kid Abelha em fevereiro de 1986, depois de uma discussão com Paula Toller, sua ex-namorada, no camarim de um show. A cantora acertou um pandeiro no rosto do baixista e ele largou o grupo para fundar o Heróis da Resistência.

- Em "Guerra dos Sexos", Otávio (Paulo Autran) e Charlô (Fernanda Montenegro) eram primos, se detestavam e só se chamavam pelos apelidos de infância: Bimbo e Cumbuca.

- O saquinho rosa e vermelho do Minichicletes Adams, com um boneco sorrindo, trazia 155 minipastilhas.

- Os Deditos, da São Luiz, vinham numa bandeja marrom de plástico, em duas camadas de dez unidades cada uma, separadas por um papel bem fininho.

- Na trilogia "Indiana Jones", foram usados dois mil ratos, sete mil cobras e 50 mil insetos, entre baratas, lacraias e escorpiões.

- Júnior transformou o pagode "Voa, Canarinho" na trilha sonora da seleção brasileira da Copa de 1982. O compacto com a música vendeu 600 mil discos em 20 dias. Mas, como o Brasil foi eliminado, virou hino pé-frio.

- O Odyssey foi lançado pela Philips em maio de 1983 e o Atari, três meses depois, pela Polyvox/Gradiente.

- As meninas usavam: tule no cabelo, bermuda jeans da Dimpus, mochila da Cantão 4 ou da Company e batom 24 horas, que não saía nem com sabão.

- Os meninos usavam: Kichute amarrado na canela, bermuda da OP, camiseta Hang Loose e chaveiro de borracha da K&K em forma de pé-de-pato.

- E todo mundo usava: carteira emborrachada e relógio Champion que vinha num estojo com sete pulseiras coloridas.

- As minigarrafinhas da Coca-Cola eram de vidro e tinham tampinha e líquido de verdade. E ainda havia aquelas com logotipo em russo, japonês, árabe...

- Quando foi lançada em 1985, a revista "Bizz" trazia de brinde um trailer-disc, compacto com trechos de músicas do pop-rock que seriam lançadas nos meses seguintes. Mais tarde, foi substituído por flexidisc, disquinho também do tamanho de um compacto, só que de plástico e dobrável.

- A caneta Replay, que vinha com uma borrachinha na ponta, virou febre em 1983. Mas comerciantes espertalhões começaram a alterar o valor dos cheques dos clientes. Acabou proibida.

- Foram consumidos no Rock in Rio: 1,6 milhão de litros de bebida, 900 mil sanduíches, 33 mil tubos de mostarda, 500 mil fatias de pizza, 800 quilos de gel para cabelo e 123 mil quilômetros de papel higiênico.

- O que passava na "Sessão comédia": "Super gatas" (segunda-feira), "Primo Cruzado" (terça), "Caras e caretas" (quarta), "O poderoso Benson" (quinta) e "SuperVicky" (sexta).

- Em 1984, durante a gravação de um comercial para a Pepsi, Michael Jackson foi atingido por uma centelha dos fogos de artifício usados para efeitos especiais. Pegou bem na goma que o astro usava para deixar os cabelos brilhando e ele teve queimaduras de segundo e terceiro graus na cabeça.

- A "Playboy" com Hortência, a estrela do basquete brasileira dos anos 80, esgotou em apenas sete dias. Mais rápido do que a histórica revista de Luciana Vendramini, que levou dez dias para sumir das bancas.

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Sobre os autores:

Luiz André Alzer, de 33 anos, é carioca, jornalista e já trabalhou nas revistas "Sétimo Céu" e "Ele Ela", na Bloch Editores, e nos jornais "O Globo" e "O Dia", sempre nas áreas de cultura e entretenimento. Atualmente, é editor-executivo do jornal "Extra".

Mariana Claudino, de 30 anos, é carioca, jornalista e já trabalhou na assessoria de imprensa da gravadora Sony Music e na assessoria de comunicação da ONG Viva Rio. Atualmente, é repórter de cultura do jornal "Extra".