Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

segunda-feira, outubro 25, 2004

Uma pena que eu não tenha ficado sabendo disso aqui antes. Foi a melhor coisa da temporada de F1 que terminou ontem - uma das mais chatas da história :

Interlagos encerra a "Burro World Tour"
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1931, um empresário inglês, sir William Lyons, causou sensação no Salão do Automóvel de Londres ao lançar o SS, carro luxuoso de perfil baixo e motor potente, que encantou a sociedade abastada, endinheirada, da época.
Era o começo de um mito. A pequena montadora cresceu, novos modelos foram lançados e, no final daquela década, Lyons foi convencido por amigos de que precisava adotar uma marca mais forte: SS, além de frio, remetia às tropas de choque de Adolf Hitler.
Alguém sugeriu o nome Jaguar. "Elegância e graça felina, combinando docilidade com força e agilidade", explica o site da marca.
O que ninguém imaginou é como e onde a história iria acabar.
Onde? Em Interlagos, hoje. Será o fim da maior aventura da Jaguar, sua malsucedida experiência na F-1. Como? Como uma piada. Nos últimos GPs, sumiu de cena a tal "graça felina". E o símbolo do time virou um burro inflável.
"Foi pouco antes do GP da Bélgica", conta, quase chorando de rir, o mecânico Brendon Kronk.
Assim reagem todos os seus colegas, em Interlagos, quando questionados sobre Donkey. Em português, Burro. O personagem dos filmes "Shrek". Um símbolo da decadência da marca. De longe, o acontecimento mais divertido da F-1 nos últimos Mundiais.
Começou como uma brincadeira, no refeitório da fábrica da Jaguar, em Milton Keynes, 89 km ao norte de Londres. "Os caras ganharam o burro numa promoção da Ribena", diz, gargalhando, o mecânico Sam Downe, referindo-se a uma marca de refrescos à base de framboesa. "Aí, alguém foi lá e roubou o burro. E começaram a levá-lo para todas as corridas", completa o colega Tim Malyon.
A estréia da "Donkey World Tour" aconteceu na belga Spa-Francorchamps, em agosto. O burro passou o fim de semana nos boxes e valeu uma reprimenda.
"Os chefes não gostaram. Deram uma bronca", declara Kronk.
Compreensível, até. Em um ambiente como a F-1, que investe fortunas em imagem, aquela figura inflável, marrom e orelhuda era um corpo estranho, depreciativo.
Mas veio o GP da Itália, duas semanas depois. Às escondidas, o boneco foi levado para Monza.
Desobedecendo a chefia, os mecânicos tiraram fotos com Burro nos boxes, usando rádio, simulando troca de pneus e reabastecimento. Enfim, as atividades deles próprios durante uma corrida.
Cinco dias após Monza, quinta-feira, 17 de setembro. Um anúncio provocou choro em Milton Keynes e tirou o burro da sombra.
Surpreendendo a todos -e revoltando os funcionários-, a Ford, dona da marca Jaguar, anunciou o fechamento da equipe após Interlagos. De uma hora para outra, os mecânicos viram-se sem emprego para 2005. E Burro, que era uma brincadeira, virou uma forma de chacota, espécie de bandeira de protesto diante de todo o glamour da marca inglesa.
Para começar, ganhou a internet. Os mecânicos colocaram no ar o www.donkeydoesf1.co.uk, com fotos de cada parada da turnê mundial do burro. E, nos circuitos, despirocaram de vez.
Em Xangai, na China, levaram o boneco inflável ao grid. Burro entrou no safety-car, deu uma de fotógrafo, espionou a rival Toyota.
Em Pequim, na espera para o GP do Japão, visitou a Muralha -e caiu de bêbado. Em Suzuka, enfim, pôs uma bandana japonesa. E, tubo de oxigênio às costas, esperou a chegada de um tufão.
"Ele acabou funcionando para relaxar todo mundo num momento tão complicado", dobra-se Dave Stubbs, diretor da Jaguar.
Em sua última parada, São Paulo, o burro já foi a uma churrascaria, vistoriou o trabalho dos mecânicos e, hoje, deve estar no grid.
"Em 2005, se tudo der certo, vamos arrancar este símbolo do peito e colocar um burro", diz Kronk, rindo de novo e apontando para a logomarca da Jaguar. Um time que nasceu há quatro anos com a pretensão de rivalizar com a Ferrari e que hoje despede-se da F-1 de forma melancólica. Com o cavallino que merece. (FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

Atualizando : ontem, na matéria do Fantástico sobre a corrida, lá estava ele sentado no lugar do Schumacher, que chegou atrasado para a foto dos pilotos.