Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

sexta-feira, junho 18, 2004

Boa matéria da Mariana, hoje no Estado de Minas :

Pop bota banca
Revistas voltadas para o mundo da música jovem têm história de vida curta mas aprendem com o mercado a receita da diversificação


Mariana Peixoto
Lívia Stábile

É uma briga desigual. De um lado do ringue, sites, blogs e listas de discussão sobre música tomam conta da internet, em muitos casos a custo zero. Do outro, publicações, na maioria independentes, surgem no mercado nacional mesmo com vários exemplos de revistas que não conseguiram chegar a meia dúzia de edições. O grande entrave é o pequeno número de anunciantes. E ainda têm que conviver, nas bancas, com revistas de cifras e pôsteres de bandas de rock. “Na marra” é o que mais se ouve dos jornalistas quando questionados como alcançaram mais um número. Mas se há oferta é porque existe demanda para conhecer os pormenores do universo pop.

A mais nova publicação do gênero é a LabPop, que reúne um time de jornalistas e críticos conhecidos da grande imprensa (com tiragem de 30 mil exemplares, vai ter periodicidade mensal). “Existem muitas revistas que acompanham canais de comunicação, como a da rádio Jovem Pan e a da MTV. Sabemos que existe uma crise geral no mercado editorial, mas estamos tentando entrar no vácuo de publicações desde que a Showbizz acabou”, comenta o editor Mário Marques. A idéia da revista surgiu há dois anos no Música Alimento da Alma – Mada, festival promovido em Natal (no final de 2003 foi criado o site www.labpop.com.br). “Hoje existe um movimento forte de música pop no Nordeste que não é captado com a excelência que merece”, continua.

Tanto que um dos objetivos da LabPop é não ficar centrada em Rio e São Paulo (como por tradição estas publicações sempre foram). “Não que a revista vá ter várias pautas do Nordeste, mas em toda edição queremos fazer alguma coisa por lá. E também estamos fazendo questão de distribuir a revista em capitais que não costumam recebê-las”, fala Mário Marques. Além da redação no Rio, a publicação vai ter uma base em João Pessoa e outra em Natal. A primeira edição conta com entrevistas com a banda nova-iorquina The Walkmen, com Lulu Santos, um perfil de Bianca Jhordão, vocalista do Leela e uma análise do mercado fonográfico por executivos de gravadoras.

Com a equipe formada por 42 pessoas, entre a redação e o time de colaboradores, o grande desafio da LabPop – como de todas as outras – é conseguir fixar o nome no mercado publicitário. “A grande falha das novas revistas é achar que as gravadoras vão salvar tudo. Mais do que nunca precisamos nos dissociar o máximo possível disto, pois tem gravadora que troca anúncio por disco”, fala Mário Marques, que acredita que o anunciante da revista é o de produtos para o público jovem.


Tudo contra o jabá

Com um perfil diferente, já que vende tanto revista quanto CD, a outracoisa, nascida no ano passado também no Rio, vem conseguindo se pagar tanto através da venda em banca – cada edição tem 20 mil exemplares – quanto de grandes anunciantes. “Estamos no zero a zero”, conta Lobão, criador da revista. Ou seja, nem lucro, nem prejuízo. “Conseguimos patrocínio da Velox, Petrobras e, mesmo batendo violentamente contra o jabá, algumas rádios com perfil independente estão anunciando na revista”, comemora. Até agora foram lançadas quatro edições – a próxima sai em 30 deste mês, com o disco As próximas horas serão muito boas, do grupo gaúcho Cachorro Grande. “O modelo que criamos foi baseado na minha idéia de vender meu próprio disco. A princípio, o editorial não era tão forte. O que me surpreendeu é que na hora de elaborar a revista, veio para a gente um número enorme de jornalistas competentes. Então, hoje acho que um ajuda o outro”, completa Lobão.

Foi com este tipo de pensamento que a Dynamite conseguiu completar 12 anos (hoje tem uma tiragem que varia entre 20 e 25 mil exemplares). “Neste período, tivemos épocas que conseguimos lançar a revista de três em três meses, momentos muito difíceis. Nos últimos anos a estratégia que temos usado é ter outras fontes de renda”, explica o editor Marcos Bragatto. Entre as alternativas estão o Prêmio Dynamite, criado há três anos e o Dynamite Pub, que funciona em São Paulo. “Temos que fazer eventos para gerar movimentação de patrocinadores.” O site (www.dynamite.com.br) da revista também acabou suprindo uma lacuna editorial. “Quando a revista atrasava, a notícia chegava velha na banca.” O perfil foi sendo modificado. Quando criada, no início dos anos 90, a Dynamite era voltada para o heavy metal. Com o tempo, foi agregando outros estilos. “Eu, particularmente, não gosto, mas fazer o quê? Mudamos (a capa deste mês, por exemplo, é Morrisey), mas ainda há gente que acha que somos somente uma revista de rock pesado.”

Editor-chefe da revista Zero, Luiz César Pimentel aposta em matérias diferentes, “que vão além do artista”, para conquistar leitores. “A internet matou as revistas de música que viviam do factual. Temos que conciliar coisas bacanas, agregar conteúdos. Nos concentramos em produzir matérias que gostaríamos de ler”, afirma. A revista, com dois anos de existência, diminuiu sua tiragem de 40 mil para 25 mil este ano. “Criamos uma editora para administrá-la e assim diminuímos o encalhe. Vamos vender para o real mercado consumidor”, justifica.

Procurando não fazer uma revista de música “simplesmente pela música”, a Zero se define como um produto que circula no universo cultural. “Temos literatura, arte, até esporte, com viés musical”, conta Pimentel. Mesmo sendo eclética, a publicação carece de anúncio. “Como todo veículo deste gênero, temos um número razoável de publicidade, até mesmo porque nossa equipe é basicamente de jornalistas”, ameniza. O sucesso da Zero está na internet. O site (www.revistazero.com.br) tem 150 mil acessos únicos mensais. “Mas não oferecemos todo o conteúdo”, lembra.

Extensão de uma marca

Comprovando a morte prematura dos produtos deste setor, uma das mais antigas revistas do gênero é a da MTV, com apenas três anos e meio. A tiragem mensal de 70 mil exemplares a torna a mais bem-sucedida do País, graças, acredita a diretora de redação Mônica Figueiredo, à extensão da marca. “Somos mais um produto do canal. Nos denominamos como uma revista de música e atitude”, destaca.

Segundo a diretora, a dificuldade de se manter estas publicações no Brasil tem raiz econômica. “Temos que criar uma estrutura que torne viável a existência de pequenas tiragens”, diz. O êxito segue com a publicidade, que toma, “no máximo”, 40% das mais de 100 páginas da MTV. “Nosso sucesso também é comercial, mas todo este panorama positivo existe porque nos preocuparmos em criar um material rico e interessante”, explica Mônica Figueiredo. Ela acredita que o prato principal da publicação é o encarte com os lançamentos musicais do mês. “É um tremendo serviço que prestamos. Muita gente compra para estar antenado nas novidades”.

Voltada para a música eletrônica, a bimestral Beatz completou em abril um ano comemorando a tiragem de 20 mil exemplares por edição, com 60% de vendas em banca. “Demos certo porque abrangemos todo o mundo da cena eletrônica. Moda e comportamento mas tendo a música como foco”, explica o diretor da editora DS2, Bernardo Garcia Sampaio. “O meio eletrônico está crescendo de maneira espantosa”, garante. Tanto é assim que em agosto está previsto o lançamento de outra publicação voltada para a eletrônica: a BPM vai ter à frente os jornalistas Cláudia Assef e Sérgio Teixeira, que comandaram a extinta Volume 01.