O Conto do I-Tunes
Um sistema de venda e distribuição de música que não prejudique artistas e gravadoras como as trocas gratuitas de MP3. Foi à partir dessa proposta que surgiu o estrondoso sucesso do I-Tunes da Apple, onde se pode legalmente comprar seus arquivos e montar seus próprios álbuns em casa a um custo aproximado de US$12 contra US$16 de um cd vendido em loja.
Entre baixar gratuitamente qualquer música de qualquer artista colocado na rede ou pagar para fazê-lo através do I-Tunes, o público norte-americano tem optado pela segunda opção pois assim acredita fazer parte de um processo mais justo para os artistas ao mesmo tempo que exorciza de vez o medo de tomar na cabeça um milionário processo por parte da RIAA. E não é que Michael Moore tem razão quando teoriza em "Bowling for Columbine" que é a cultura do medo que move a economia americana?
Mas agora a verdade sobre o I-Tunes começa a vir à tona e desmentir o marketing criado em torno da suposta benevolência do sistema para com o artista. Primeiro porquê a Apple fica com uma fatia do bolo três vezes maior que o artista, recebendo absurdos 35% de cada música vendida! As gravadoras ficam com os 65% restantes e repassam ao artista algo entre 8 e 14 cents por música, dependendo da negociação. E em muitos casos o artista não receberá absolutamente nada, pois antes de pagarem, as gravadoras deduzirão todo o custo envolvido na produção do álbum como produtores, marketing e outros investimentos.
Coloque tudo agora na balança: os artistas recebendo a mesma fatia que receberiam pelo sistema antigo de vendas; você economizando 25% em um álbum, mas ainda tendo que gastar com mídia, banda, caixinhas e imprimindo encartes e com músicas de qualidade inferior (pois como nas MP3s, os arquivos AAC do I-Tunes perdem qualidade durante a compressão). E finalmente as majors, que apesar do sistema de vendas online dispensar altos custos de produção de CDs e a distribuição dos mesmos pelo mundo, ainda ficam com a maior fatia do bolo.
Mas a Apple e seu sistema acabam de tomar seu primeiro revés pouco antes de lançar seu sistema no mercado europeu. Seus usuários podem ficar sem ter como baixar músicas de bandas e artistas como Franz Ferdinand, Basement Jaxx, The White Stripes, So Solid Crew, Badly Drawn Boy, Cold Cut, Dizzee Rascal e Craig David por causa do boicote dos selos independentes britânicos e franceses aos contratos oferecidos pela empresa americana, sendo considerados como verdadeiros "suicídios comerciais". É um tranco forte para a Apple se considerarmos que os independentes possuem 25% do mercado fonográfico britânico e 22% do total europeu.
Enquanto essa briga com a Apple promete ir longe, sistemas como WEED entram no mercado oferecendo alternativas mais justas para artistas e mesmo para nós consumidores ao nos darem descontos e vantagens para distribuirmos seus arquivos. Confira.
E aguarde novos desenrolares de uma das mais importantes novelas comerciais do início desse século.
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