Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

quarta-feira, abril 11, 2001

Sei que pra muita gente aqui isso vai ser tardio e para um outro tanto de gente, não vai ter nada a ver, mas quero contar para vocês que acabei de ver um dos filmes da minha vida : "Quase Famosos".

Para quem esteve fora do mundo pop nos últimos meses, é o filme autobiográfico de Cameron Crowe ( diretor de, entre outros, Jerry Maguire ), que foi repórter da revista Rolling Stone durante anos, sendo que começou a trabalhar na revista aos 15 anos de idade.

Para quem não gosta ou não entende o mundo rock n' roll, o filme é uma belíssima comédia romântica, daquelas que emocionam na hora certa, fazem rir e nos fazem chorar ao mesmo tempo em que nos trazem recordações de nossa infância e adolescência, ainda que estas sejam completamente diferentes das retratadas na tela.

Mas para quem, como eu, sempre teve sua vida pontuada nos acordes de uma guitarra, o filme se torna uma manifesto, uma aula, uma lição de como o mundo rock n' roll é insano, falso, verdadeiro, emocionante, cativante, e como ele se assemelha com a "vida real", se é que podemos chamá-la assim, ao mesmo tempo em que vivem em um mundo completamente estranho ao cidadão comum.

Enquanto o personagem principal percorre o interior dos Estados Unidos acompanhando uma banda fictícia em su turnê, vemos representados ali todos os estereótipos do mundo roque : o músico viajandão, a groupie, o empresário que só pensa em dinheiro.....só que, nas mãos do diretor, roteirista ( premiado com o Oscar ) e mote principal da história Cameron Crowe, estes personagens se transformam, meio que com a finalidade de mostrar a todos nós que os ídolos, os estereótipos, só existem em nossas mentes. Os astros do rock são pessoas como todos nós que vivem, se emocionam, se apaixonam, tem problemas, e são atingíveis, ainda que não pareçam assim.

Visto assim, pode parecer maniqueísta, ou ainda uma visão simplória, posto que esta história de "os astros do rock são gente como nós" é mais velha que a invenção da guitarra propriamente dita. Acontece que, mais uma vez, a visão de quem esteve lá ( Crowe ) é fundamental para que entendamos o papel que estas figuras tem em nossas vidas ( os amantes de rock ), enquanto pessoas que nos ensinam, ainda que inconscientemente, algo para nossas vidas.

Além disso tudo, o filme é um hino de amor à boa música, numa época em que bundas e tigrões dominam nossas mentes. Uma época em que a vida no showbiz era mais livre, mais divertida e muito menos profissional. Uma época em que um repórter podia livremente participar do dia a dia de uma banda, conviver com ela, entender seus problemas, alegrias e sentir tudo isso junto com ela. Uma época em que a própria crítica musical era mais feliz porque tinha como compreender o que se passava lá dentro do mundo artístico.Não é de se admirar que tenham surgido verdadeiras lendas vivas como Lester Bangs ( magistralmente representado no filme por Philip Seymour Hoffman ) e o próprio Cameron Crowe.

Desculpem se me alonguei muito. É que o filme realmente me emocionou muito e reafirmou meu amor pelos bons sons e por um mundo que, de falso, tem na realidade apenas o que aparenta.