Já ouviram falar na Lei de Murphy ?
Passei algumas horas ontem pensando nos meus textos para a coluna do Geléia Geral das próximas duas semanas, escrevi, reescrevi, cheguei na Noir hoje, dei uma outra lida, corrigi algumas coisas, gravei em disquete e........esqueci de levar o dito cujo para a tv. Resultado : falei de improviso. Não gosto muito de falar de improviso lá, mas acho que dentro do possível, ficou até bom. Vocês é que vão me dizer.

Como parâmetro de comparação, vou colocar aqui os textos originais, que deveria ter lido lá.

SKANK - COSMOTRON

O CAMINHO PARA A MATURIDADE DE UM ARTISTA É ÁRDUO E CHEIO DE VIAS TORTUOSAS, MAS O FINAL DELE GERALMENTE É CLARO, ASSIM COMO SEU PONTO DE PARTIDA. O MAIS IMPORTANTE PARA ESTE ARTISTA TALVEZ NEM SEJA CHEGAR AO FINAL DESTA ESTRADA, MAS PERCEBER QUE A METADE EXATA DELA É O QUE INTERESSA. SÃO POUCOS OS QUE PERCEBEM ISTO, MAS NO CASO DO SKANK, POR EXEMPLO, ELE NÃO SÓ FOI PERCEBIDO, COMO ASSIMILADO DE MANEIRA MAGISTRAL DURANTE O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO E CONFECÇÃO DE SEU SÉTIMO ALBUM, “COSMOTRON”.

SE NO ÁLBUM ANTERIOR DE INÉDITAS, “MAQUINARAMA”, O SKANK JÁ HAVIA DADO UMA GUINADA DE 180 GRAUS NO RUMO DE SUA CARREIRA, AGORA, COM “COSMOTRON”, A VONTADE DE ARRISCAR FOI AINDA MAIOR DO QUE QUALQUER FÓRMULA DE MERCADO, APESAR DE SAMUEL, HENRIQUE, LELO E HAROLDO SABEREM COMO POUCOS NESTE PAÍS, O QUE É NECESSÁRIO PARA AGRADAR GREGOS E TROIANOS.

A METADE DO CAMINHO AQUI É NÍTIDA. PARTINDO DE UMA ORIGEM DE RITMOS JAMAICANOS, COMO REGGAE, DUB E DANCEHALL NO PASSADO, O SKANK VISLUMBROU LÁ NA FRENTE UM CAMINHO QUE FAZIA A JUNÇÃO DA SONORIDADE BEATLE COM A DO CLUBE DA ESQUINA. NO MEIO DO CAMINHO, SE DEPAROU COM SONS DE BANDAS COMO O WILCO, O RADIOHEAD E O PRÓPRIO OASIS. O RESULTADO É O ÁLBUM MAIS COESO QUE SE TEM NOTÍCIA NO POP BRASILEIRO RECENTE, E QUE AO UTILIZAR REFERÊNCIAS DAS MELHORES ESTIRPES, CHEGA A UM DENOMINADOR COMUM, QUE NÃO É OUTRO SENÃO O PRÓPRIO SOM SKANK, COM ALGUMAS PITADAS DAQUI E DE ACOLÁ.


SENÃO VEJAMOS. OS DOIS EXTREMOS DO DISCO SÃO AS CANÇÕES “SUPERNOVA” E “DOIS RIOS”. ENQUANTO A PRIMEIRA EVOCA TOMORROW NEVER KNOWS, A SEGUNDA PARTE DE STRAWBERRY FIELDS FOREVER PARA DESEMBOCAR EM “UM GIRASSOL DA COR DO SEU CABELO”. A ÚNICA REFERÊNCIA AO ANTIGO SKANK, ESTÁ NA FAIXA “NÔMADE” E SUA SONORIDADE DUB, POUCAS VEZES PRESENTE NO PRÓPRIO TRABALHO DA BANDA. TALVEZ NÃO POR COINCIDÊNCIA, A FAIXA TRAZ UMA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE PACO PIGALLE, AMIGO DAS ANTIGAS DO QUARTETO.

OUTROS DESTAQUES DO DISCO SÃO A BELA “FORMATO MÍNIMO” E SUA LETRA MAGISTRAL, USANDO E ABUSANDO DE PROPAROXÍTONAS, A BOSSANOVA “É TARDE”, E A EMOCIONANTE “POR UM TRIZ”.

SE A PARTIR DE AGORA, O SKANK VAI SEGUIR ESTE CAMINHO, É UMA OUTRA QUESTÃO, MAS DESDE JÁ SEU NOME ESTÁ ESCRITO NO PANTEÃO DOS QUE CAPTARAM A MENSAGEM PRINCIPAL DOS PRINCÍPIOS POP E SOUBERAM UTILIZÁ-LA DE FORMA MAGISTRAL. “COSMOTRON” É UM ÁLBUM ATEMPORAL, ASSIM COMO HAVIA SIDO “MAQUINARAMA”. COM UMA ÚNICA DIFERENÇA : É BEM MAIS AUDAZ.

FRANK BLACK - SHOW ME YOUR TEARS

ELE JÁ FOI O LÍDER DE UMA DAS BANDAS MAIS INFLUENTES E ELOGIADAS DA HISTÓRIA DO ROCK AND ROLL. COM O FIM DOS PIXIES, BLACK FRANCIS MUDOU DE NOME E ENCAROU UMA DAS MAIS PROLÍFICAS E BEM SUCEDIDAS CARREIRAS SOLO DE QUE SE TEM NOTÍCIA. ATENDENDO AGORA SOB A ALCUNHA DE FRANK BLACK, ELE LANÇA EM SETEMBRO SEU NONO TRABALHO SOLO, “SHOW ME YOUR TEARS”. MAIS UMA VEZ, A PIRATARIA ONLINE FOI MAIS RÁPIDA E JÁ DISPONIBILIZOU O PETARDO PARA QUEM QUISER, NA INTERNET.

DESDE A ÉPOCA DOS PIXIES, FRANK BLACK É UM OBSECADO PELA SONORIDADE PESADA COM UM PÉ NO LATINO. TALVEZ POR INFLUÊNCIA DE SEU COMPANHEIRO DE BANDA, JOEY SANTIAGO, OU ATÉ POR GOSTO PRÓPRIO, BLACK SEMPRE PONTUOU SEU SOM DESTA FORMA, ALÉM DE PASSEAR COM MAESTRIA PELO COUNTRY ROCK E PELAS RAÍZES DO SEU PRÓPRIO SOM, COMO O BLUES AMERICANO E UM POUCO DO MELHOR SOM INDIE INGLÊS.

EM “SHOW ME YOUR TEARS”, FRANK BLACK ESCANCARA ESTAS INFLUÊNCIAS TODAS E COMETE UM ÁLBUM DIGNO, EM QUE UM POUCO DE CADA RITMO, GÊNERO OU VERTENTE ESTÁ PRESENTE. EM ALGUNS MOMENTOS, AS REFERÊNCIAS SÃO TÃO ESTRANHAS AO MUNDO DO PRÓPRIO FRANK BLACK, QUE CHEGA A SER IRÔNICO. DO ROCK AND ROLL BÁSICO DA FAIXA DE ABERTURA, “NADINE” À BALADA COM PITADAS DE BURT BACHARACH, QUE ENCERRA O ÁLBUM, “MANITOBA”, “SHOW ME YOUR TEARS” TEM AS JÁ TRADICIONAIS FAIXAS COUNTRY MUSIC, COMO “MY FAVOURITE KISS” e “GOODBYE LORRAINE”, A HOMENAGEM AO MESTRE NEIL YOUNG – NEM QUE SEJA NA VOZ DE BLACK – COMO EM “JAINA BLUES” E UMA CANÇÃO QUE PODERIA SER TRANQUILAMENTE GRAVADA POR BANDAS COMO TRAVIS OU COLDPLAY, “COASTINE”.

O CLIMA DE LOS ANGELES, ONDE O ÁLBUM FOI GRAVADO, CONTRIBUIU, SEGUNDO O PRÓPRIO FRANK BLACK, PARA QUE ELE TIVESSE UMA ATMOSFERA SOMBRIA E POUCO FELIZ. NÃO QUE ISSO SIGNIFIQUE UM TRABALHO DE MENOR IMPORTÂNCIA. MUITO PELO CONTRÁRIO. FRANK BLACK É UM ARTISTA QUE SEMPRE VALE A PENA. SE VOCÊ FICOU CURIOSO, É SÓ DAR UMA PROCURADA NO SEU SOFTWARE DE DOWNLOAD DE MÚSICAS PREDILETO, OU ESPERAR ATÉ O DIA 8 DE SETEMBRO, QUANDO O ÁLBUM SERÁ OFICIALMENTE LANÇADO.