Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

sábado, janeiro 17, 2004

Dogville - filme do ano ?

Duro é dizer isso no início do ano letivo, mas se não for, vai passar perto.

Dogville é o primeiro da trilogia "americana" de Lars Von Trier - o cineasta que filma os Estados Unidos sem nunca ter ido até lá. E isto é muito bom.

Muito bom porque Lars tem uma visão americana "de fora" e além disso, nutre uma certa antipatia por aquele país, como podemos ver claramente na construção de seus personagens e em suas declarações.
O filme gira em torno da personagem Grace ( Nicole Kidman, cada vez melhor e mais bela ), uma forasteira que chega a uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, e conquista a simpatia de todos a princípio, para depois despertar outros sentimentos. Mas além disso, Lars Von Trier faz um filme sobre a intolerância humana, além de potencializá-la ao seu máximo, quando ela é introduzida nos limites das fronteiras americanas. A intolerância americana é maior e tem várias facetas. Não existem bons ou maus em Dogville. Todos tem lados obscuros que são demonstrados à medida em que a história vai se desenrolando. E a pobre Grace tem no final ( que não vou contar qual é. mesmo porque é espetacular e surpreendente ) sua chance de se redimir do mundo em que vive e torná-lo um pouco melhor. Se ela consegue ? Isso está dentro de cada espectador.

Como se isso tudo não bastasse, Dogville não tem cenários. O filme inteiro é feito dentro de um galpão, como se fosse uma grande palco de teatro. As casas e locais de Dogville são delimitadas apenas por marcações no chão, além de alguns poucos móveis e objetos de cena. Este recurso ( que pode ser interpretado como um exercício de estilo, mas também como uma crítica à própria necessidade hollywoodiana de glamourizar suas pessoas, suas cidades e tudo mais ), causa uma certa estranheza a princípio, mas a força da história e das interpretações de Dogville é tanta que logo nos esquecemos deste "detalhe". Ah, sim, como se isso ainda não fosse suficiente, o elenco do filme tem James Caan, Lauren Bacall, Stelan Skaarsgard, Chloe Sevigny e muitos outros. Mais um motivo para se ver Dogville.

Que Lars Von Trier é um dos maiores cineastas vivos na atualidade, eu não tinha dúvida ( afinal, ele fez "Ondas do Destino" e "Dançando no Escuro". E isso já basta ), mas eu não acreditava que ele ainda pudesse me surpreender como fez em Dogville.