Rodrigo James, 35 anos, publicitário, jornalista, assessor de imprensa, dj amador, músico de computador, diretor de rádio lê, ouve, escreve, fala e respira cultura pop. Também atende nos websites www.programaaltofalante.com.br, www.portal180.com.br, no Orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1365547244323894215), no MSN (tá bom que eu vou dar meu MSN assim assim) e está aberto a opiniões, crítica, chacotas e o que mais passar por sua cabeça. Ah, o email para contato é r.james@terra.com.br

terça-feira, julho 29, 2003

Há muito tempo que o melhor crítico do país é o Arthur Duarte, do Estado de Minas.
Mas hoje ele se superou. Leiam a resenha que ele fez do Marilyn Manson. Eu pessoalmente não gosto do MM, mas ele matou a pau no texto :

Marilyn Manson volta à cena com um CD duplo em que desfila seus piores pesadelos


(Arthur G. Couto Duarte)


O perverso glamour da Hollywood dos anos 30, as grotescas encenações do vaudeville e a degenerada arte do cabaret, por ocasião do domínio de Weimar sobre Berlim. São esses os conceitos estéticos que nortearam Marilyn Manson na concepção de The Golden Age of Grotesque. Editado sob a forma de um CD duplo, o sexto álbum de MM vem nos perturbar com um mix de pesadelos burlescos e tijoladas electro-metal arremessadas contra a ordem estabelecida, à guisa de subversão.

Se em outras ocasiões as polêmicas declarações do antichrist superstar obscureceram sua própria música, The Golden Age... vem restaurar a veemência sônica de MM com uma vingança. A nação w.a.s.p. pode até dormir tranqüila, mas o poder abrasivo de faixas como This is the new shit, Ka boom Ka boom (pensem em System of A Down e Gary Glitter em uma sacrílega conjunção carnal), Slut Garden e Para-Noir mostram potencial para abater mais vítimas que os fornos crematórios de Treblinka.

Claro, o niilismo de Marilyn Manson é apresentado com um rigor mortis mais dirigido ao cérebro que ao coração. Ainda assim boa parte de The Golden Age... se revela ao mesmo tempo celebratória e divertida. Quando o sucesso Mobscene entra em cena, é um tumulto: guitarras se engalfinham com os mantras de um coral infernal e parece que tudo vai explodir. The bright young things convoca uma performance não menos arrasadora, milimetrada, com sobretons sinfônicos e Marilyn travestido de Mephisto para a última decadança.

É extasiante para o sangue aquela overdose de sons vibrantes e imagens febris. Uma vez mais, Marilyn Manson faz transbordar a taça de prazeres com suas cacofonias urbanas e bizarro sex-appeal. Apenas rock n roll? Sim, mas com senso de dramaticidade camp aguçado por toda sorte de excessos. Um dance-industrial-nazi-mix se contorcendo, lascivo, em uma era tomada pelo puritanismo do chefão Bush, tédio terminal e vazio.